17 de Outubro de 2018
Notícias
Relator da medida provisória (MP) que cria o Rota 2030, novo programa de incentivo à indústria automobilística, o deputado Alfredo Kaefer (PP-PR) apresentará hoje seu parecer com mudanças substanciais no projeto para atender ao setor, mas que elevarão o impacto fiscal. Serão alterados os impostos que poderão ser compensados pelas empresas, elevado o valor do incentivo, reduzido o IPI de veículos híbridos e tornada obrigatória a inspeção veicular anual.
O governo não deu aval à maioria das alterações, mas está preocupado com o calendário. A MP perde a validade se não for aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em um mês - até o dia 16 de novembro. O presidente Michel Temer quer prazo ainda mais curto para poder sancionar o texto no Salão do Automóvel, em São Paulo, dia 8. No limite, o Executivo estuda autorizar a votação e vetar os pontos com os quais não concorda.
A única emenda com consentimento total do governo é do senador Armando Monteiro (PTB-PE), que prorroga por cinco anos o Regime Automotivo do Desenvolvimento Regional, responsável por levar empresas do setor para o Nordeste e que acabaria em 31 de dezembro de 2020. A iniciativa teve aval de Temer, mas ampliará o impacto fiscal da MP, já calculado em R$ 1,5 bilhão por ano em sua versão inicial.
A contragosto da equipe econômica, Kaefer elevará os incentivos para investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O percentual ainda não estava fechado ontem, mas parlamentares e indústria dizem que o Ministério da Fazenda inflou a estimativa de gastos porque "partiu da premissa equivocada de que as montadoras e fabricantes de veículos automotores investirão cerca de 3,5% do seu faturamento em P&D, ocasionando renúncia de R$ 2,1 bilhões, quando, no último ciclo de política industrial, o investimento médio foi de 2% e, historicamente, gira em torno de 1,3%", disse Monteiro.
Outra demanda que será atendida é permitir que os créditos gerados pelo investimento em P&D possam ser usados para compensar o pagamento de todos os impostos federais, e não apenas Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). "Se a empresa não tiver resultado [lucro], não poderá compensar os créditos se não ampliarmos o leque de tributos", afirmou Kaefer.
Esse foi um dos pontos de maior divergência entre os ministérios da Fazenda, que defendia maior austeridade fiscal, e o da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, alinhado as empresas do setor na ampliação dos incentivos. No governo, venceu a tese da equipe econômica diante do elevado déficit fiscal primário.
O relator, que não foi reeleito, também acatará emendas do setor sucroalcooleiro para reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos com motor elétrico que sejam movidos também a etanol. Outra iniciativa é tornar obrigatória a inspeção veicular anual para carros, motos e caminhões a partir do terceiro ano de vida. A vistoria será "universal e não cartorial", nas palavras do relator, que propõe que o serviço seja realizado por todas as empresas credenciadas pelo Inmetro. "Não adianta a indústria colocar um catalisador para diminuir as emissões e o dono do carro tirar. Precisa de fiscalização contínua", disse.
Para atender a oposição e facilitar a aprovação da MP, Kaefer deve incorporar ao parecer emendas sugeridas pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP) para qualificação dos trabalhadores.
Valor Econômico – 17/10/18
Veja também
24 de Abril de 2024
Evento do MBCB destaca potencial da descarbonização da matriz energética brasileiraNotícias
24 de Abril de 2024
WD Agroindustrial promove intercâmbio cultural em aldeia indígena para celebrar o dia dos povos origináriosNotícias
24 de Abril de 2024
Raízen encerra safra 2023/24 com moagem recorde de 84,2 milhões de toneladasNotícias