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Relator do Rota 2030 deve ampliar benefícios para indústria automotiva

24 de Outubro de 2018

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A criação do novo programa de incentivo ao setor automotivo, chamado de Rota 2030, vai esbarrar em mais uma queda de braço. Depois das discordâncias entre os ministérios da Fazenda e da Indústria (Mdic), agora a disputa se dará entre o Congresso e a equipe econômica. O relator da medida provisória que institui o Rota 2030, Alfredo Kaefer (PP-PR), vai propor mais incentivos para a indústria em seu relatório, que deve ser votado nesta quinta-feira na comissão mista que analisa a criação do programa.

Se a MP for aprovada no Congresso, o programa entrará em vigor a partir de 2019, com duração prevista para 15 anos, dividido em três etapas. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, o relator deve propor o aumento do porcentual máximo que pode ser abatido no pagamento de impostos. No texto enviado pelo governo, até 10,2% do que for investido em pesquisa e desenvolvimento podem ser descontados do pagamento de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O número pode chegar a 12% em casos específicos e a ideia do relator é aumentar esse porcentual, o que terá impacto sobre o caixa do governo federal.

O relator também defende que o crédito possa ser usado para reduzir o pagamento de outros impostos, mas, de acordo com interlocutores, esse ponto ainda não está fechado e encontra bastante resistência na equipe econômica. Kaefer também quer incluir medidas de estímulo ao etanol. Uma das alternativas é reduzir ainda mais o IPI para carros híbridos movidos a eletricidade e também a etanol. A MP já prevê redução para carros elétricos e híbridos de 25% para 7% a 20%, dependendo do modelo.

Como mostrou o Estado, os benefícios fiscais para o setor automotivo em 2019 chegarão a R$ 7,2 bilhões, o maior valor da história. Desses, R$ 2,1 bilhões se referem ao custo dos incentivos do Rota 2030, mas a maior parte, de R$ 4,6 bilhões, ao regime automotivo concedido a montadoras instaladas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

A MP do Rota caduca em 16 de novembro e as montadoras estão preocupadas com o prazo e com a possibilidade de o texto não ser votado. O programa foi discutido por mais de um ano entre os ministérios da Fazenda e da Indústria, e acabou trazendo menos benefícios do que as empresas defendiam. Se a MP perder a validade, não haverá base legal para que o Rota 2030 passe a valer em 2019.

O relatório só deve ser concluído nesta quarta-feira pela manhã. Kaefer chegou a falar com integrantes da equipe econômica, que deram um claro recado de que o texto que o governo defenderá é o da MP e que não há espaço para aumento de incentivos.

Fiat x Ford

Um dos pontos a que a equipe econômica se opõe, segundo apurou o Estadão/Broadcast, é a prorrogação do regime automotivo do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Uma emenda prorroga esses incentivos regionais, que terminariam em 2020, para 2025. Eles permitem que as montadoras usem parte do que pagam de IPI para abater outros impostos.

A emenda, que limita esse “crédito” de IPI, deu origem a outra queda de braço, desta vez entre FCA Fiat Chrysler e Ford, com fábricas em Goiana (PE) e em Camaçari (BA), respectivamente. “É preciso algum tipo de compensação regional e vamos trabalhar para um consenso”, disse o senador Armando Monteiro (PTB-PE), autor da emenda.

Recursos

Investimentos em pesquisa e desenvolvimento vão gerar créditos tributários de 10,2% a 12% que poderão ser abatidos do pagamento de impostos

Incentivos tributários

Serão de até R$ 1,5 bilhão por ano; em 2019, podem chegar a R$ 2,2 bilhões

Carros elétricos e híbridos

IPI para carros elétricos e híbridos cairá de 25% para o intervalo de 7% a 20%. Para outros carros, haverá redução na alíquota a partir de 2023, a depender da eficiência energética

Carros de luxo

Montadoras de carros de luxo terão cinco anos para abater um passivo de R$ 300 milhões em créditos tributários gerados nos últimos anos

Multas

Montadores e importadores que venderem carros fora  do padrão de segurança e eficiência energética pagarão multa de 2,0% sobre o faturamento

Emissões

Exigência de redução de emissões de 10% a 12% sobre os índices atuais a partir de 2022

Desenvolvimento do setor

Governo vai zerar a alíquota do Imposto de Importação de carros híbridos, mas as montadoras terão de destinar o valor que seria pago a fundos para desenvolvimento do setor.

O Estado de São Paulo - 23/10/18

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