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Rodoil faz aquisição e expande rede no Sul

19 de Dezembro de 2018

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Dois meses após a entrada da trading holandesa Vitol no capital da distribuidora Rodoil, que atua nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a associação entre as duas empresas deu seu primeiro fruto. Fortalecida com os aportes da multinacional, a Rodoil anunciou a compra da gaúcha Megapetro Petróleo Brasil e busca novas oportunidades de aquisição no país.

O presidente da Rodoil, Roberto Tonietto, disse ao Valor que a compra da Megapetro foi financiada com capital próprio, possível graças aos aportes da Vitol na empresa. Em outubro, a multinacional fechou um acordo para adquirir 50% da distribuidora regional.

"Estamos de olho no mercado. A Vitol não veio [entrar no mercado brasileiro de distribuição] para ficar com uma rede do ganho da atual da Rodoil. Não vamos comprar a qualquer custo, mas mapeamos o mercado", afirmou.

A compra da Megapetro permitirá à Rodoil expandir de cerca de 300 para 400 a sua rede de postos de combustíveis na região Sul. A expectativa é que, com a operação, a Rodoil amplie seu faturamento em 14%, para R$ 5,7 bilhões.

O negócio não teve o seu valor divulgado e ainda depende de aprovação do Cade. Tonietto destacou que não há, neste momento, novos negociações em curso, mas que a empresa tem ambições de crescer e expandia para fora da região Sul, se houver oportunidades interessantes.

Com a aquisição da Megapetro, a Rodoil verá sua participação de mercado crescer de 1,35% para 1,52% no Brasil. Na região Sul, essa fatia subirá de 5,64% para 6,35%.

O negócio se dá num momento aquecido do mercado de distribuição. Nos últimos meses, mesmo em meio a implementação do programa de subsídios do diesel, quatro empresas estrangeiras anunciaram a entrada no Brasil: as multinacionais Glencore (comprou 78% da Alesat, quarta maior distribuidora do país), Vitol (Rodoil), PetroChina, subsidiária da CNPC (comprou 30% da TT Work) e a francesa Total (adquiriu a Zema).

Tonietto vê nas recentes aquisições um movimento de consolidação de um "segundo pelotão" do mercado de distribuição no país.

"O caminho natural vinha sendo a consolidação das três maiores empresas [ BR, Ipiranga e Raízen ], mas com o veto do Cade à venda da Ale para a Ipiranga, imagino que um segundo pelotão se consolidará. É o que está acontecendo", comenta o executivo, que acredita na possibilidade de entrada de mais uma ou duas empresas nesse "segundo pelotão" do mercado.

"Não vamos ver um movimento de concentração focado mais em poucas empresas, como antes, mas também não mais um mercado tão pulverizado como antes", disse Tonietto.

Depois de um movimento de saída das companhias estrangeiras do setor de distribuição de combustíveis, no fim da última década, as empresas multinacionais começam a voltar para o Brasil. A reentrada das companhia estrangeiras acontece depois de uma década de inflexão na presença das multinacionais no Brasil.

Desde 2008, saíram do mercado brasileiro de distribuição empresas como Esso (que vendeu sua rede para a Cosan), Repsol YPF (que alienou sua rede de postos para a Alesat) e a Chevron (que vendeu seus ativos para a Ipiranga).

A Shell, que em 2010 formou uma joint venture com a Cosan - a Raízen - para integrarem seus negócios na distribuição de combustíveis e na indústria da cana-de-açúcar, era o ponto fora da curva.

Valor Econômico - 19/12/2018

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