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Safra brasileira 18/19 mais alcooleira contribuirá para baixar superávit mundial de açúcar

13 de Novembro de 2017

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São Pedro e o RenovaBio passaram a ser a tábua de salvação do setor sucroenergético”, afirma Alexandre Figliolino, sócio da consultoria MB Agro, ao ser questionado sobre as perspectivas para o segmento canavieiro.

Para ele, 2017 não está sendo como se esperava inicialmente, visto que os preços dos produtos da cana ficaram abaixo dos valores da safra anterior, refletindo nos rendimentos agrícolas. “A única coisa que acabou surpreendendo foi o ATR da cana em função de um inverno típico, que possibilitou uma cana mais rica”, explicou.

Com rendimentos mais baixos, o cenário tende a ser pior para algumas empresas, já que o peso das dívidas é grande e os índices operacionais e as possibilidades não são os melhores, fatos que devem elevar o endividamento do setor, que hoje gira em torno de R$ 85 bilhões, ou cerca de R$ 140,00 por tonelada de cana.

“Essa piora não é generalizada porque algumas empresas têm desempenho acima da média do setor, mas o alto endividamento de grande parte das usinas preocupa bastante, visto que o segmento ganhou um pouco de fôlego no ano passado, mas foi uma melhora fugaz”, disse ele, afirmando que esse quadro parece ser uma tendência permanente, na medida em que o Brasil perde competitividade em relação a alguns importantes concorrentes como Europa e Tailândia.

“O mundo andou para frente e o Brasil para trás. Embora tenha alçado uma posição privilegiada no passado, o país tem muitas usinas descapitalizadas e sem perspectivas para expansão, então o quadro não é muito positivo”, elucidou, afirmando que, nos últimos anos, 78 unidades fecharam ou entraram em recuperação judicial.

Apesar do clima de otimismo com o aumento recente do preço do etanol e a possibilidade da aprovação do RenovaBio nos próximos dias, seu impacto não será tão rápido, portanto o especialista sugere que o setor persiga “com unhas e dentes a redução de custo, aumente a eficiência, melhore a qualidade da operação, melhore a produtividade e o ATR por hectare e, acima de tudo, aperte o cinto ao máximo”, reforça.

Segundo Figliolino, as previsões de balanço para a safra mundial 17 e 18 mostram um superávit de cinco milhões de toneladas de açúcar, com volumes parecidos para a safra seguinte, portanto a situação aponta para preços não muito remuneradores para o açúcar.

Este fato, aliado às alterações que aconteceram recentemente, como o imposto sobre etanol importado, a previsão de crescimento do país para o próximo ano e o aumento do consumo dos combustíveis do Ciclo Otto, a demanda por etanol anidro e hidratado deve aumentar, existindo, portanto, a possibilidade concreta de a próxima safra brasileira sucroenergética ser mais alcooleira do que será o ciclo atual.

 “Esta safra deve fechar aproximadamente com 53% para açúcar, 47% para etanol e, no ano que vem, poderemos ter 43% e 44% de açúcar e 56% e 57% de etanol. Isso evidentemente ajudaria muito a reduzir a disponibilidade de açúcar que o Brasil coloca no mercado internacional e, eventualmente, fazer com que os superávits, que estão sendo desenhados, reduzam um pouco, o que terá um efeito positivo no segmento”, conclui.

(Fonte: CanaOnline – 13/11/17)

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