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Segundo superávit seguido de açúcar deve levar estoques para máximas históricas

09 de Maio de 2018

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Mesmo com a perspectiva de crescimento maior na demanda e estimativa de redução na produção global de açúcar em 0,7%, para 193,4 milhões de tonelada, a safra 2018/19 ainda deve registrar superávit, de acordo com expectativa da consultoria INTL FCStone, divulgada nesta terça-feira (8), durante evento realizado em Nova York.

"Como o incremento na demanda não foi suficiente para alcançar a oferta, os estoques finais do globo ainda devem crescer em 7,2 milhões de toneladas, atingindo 89,6 milhões de toneladas. Com isso, a relação estoques/uso do açúcar deve subir para 48,1% ao final da safra 2018/19, o maior nível de nossa série histórica", avalia o analista de mercado, João Paulo Botelho.

Na visão do grupo, a demanda global da commodity deve ficar em 186,3 milhões de toneladas, 1,3% acima do registrado na safra anterior. Destaca-se que o menor patamar de preços esperado para a safra 2018/19 na comparação com as anteriores deve levar a estímulo pela demanda, atingindo principalmente os países subdesenvolvidos, onde a redução no custo de aquisição do adoçante terá mais impacto sobre o orçamento de indústrias e famílias.

"Nos países mais desenvolvidos e em alguns com nível médio de renda, estamos vendo movimentação no sentido contrário. Mudanças nos hábitos alimentares e a imposição de tributação sobre o consumo de produtos açucarados (principalmente bebidas) já têm reduzido a demanda per capita do adoçante", explica a consultoria, em relatório.

No maior país consumidor do mundo - a Índia, a expectativa é de que a oferta de açúcar atinja máximas históricas, provavelmente mantendo a pressão sobre os de preços domésticos. Com isso, é provável que a população aumente a demanda do adoçante, em detrimento de alternativas mais baratas, como o gur.

Já em relação à produção, a Ásia lidera novamente o crescimento na oferta da commodity, com destaque para os possíveis avanços na Índia e China. Em relação ao primeiro, projeções mais recentes dos meteorologistas para monções indicam maior probabilidade de precipitação dentro do normal, o que beneficiaria as lavouras indianas e possibilitaria mais uma safra de produção acima de 30 milhões de toneladas.

Considerando este cenário, a INTL FCStone estima um novo e leve incremento na produção de açúcar, que alcançaria 32,8 milhões de toneladas (valor branco) em 2018/19, representando aumento de 2,9% com relação à projeção do grupo para a safra atual. "Este resultado seria puxado por nova recuperação na área plantada de Maharashtra e Karnataka, enquanto a produção de Uttar Pradesh está estimada em nível similar a 2017/18", explica, em relatório.

Para o segundo maior consumidor de açúcar - a China, a INTL FCStone espera aumento de 5% na produção, para 10,8 milhões de toneladas (valor branco), resultado de um avanço na área plantada, que está se recuperando depois de forte queda entre 2013 e 2015. "Com o mercado local praticamente fechado para importação dos grandes players internacionais, o preço do açúcar na China não foi afetado pela queda nas cotações globais. Com isso, o preço da cana no gigante asiático tem aumentado, incentivando o aumento do plantio nas províncias canavieiras do sul do país", avalia Botelho, da INTL FCStone.

Na União Europeia, área plantada deve permanecer estável, com produção em 18,4 milhões de toneladas (valor branco), 8,6% abaixo da safra passada.

Em relação às Américas, a produção brasileira continua pressionada, uma vez que as usinas brasileiras devem continuar se direcionando para o etanol em detrimento do açúcar. A entrada em vigor da Nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) deve contribuir para este cenário.

Fonte: INTL FCStone – 08/05/2018

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