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Setor de máquinas cai 24% em 2016

27 de Janeiro de 2017

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A indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou o pior desempenho da história. Em 2016, o setor teve sua quarta queda consecutiva e encolheu 24,3%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que divulgou ontem o balanço do ano. O faturamento desse seguimento foi de R$ 66,3 bilhões. Pior marca da série histórica do levantamento, iniciado em 1999, a receita fica abaixo dos R$ 66,8 bilhões alcançados em 2003.

Dados preliminares mostram que Minas Gerais teve desempenho abaixo do brasileiro, com retração de 40%. As projeções não são otimistas e apontam que a crise no setor deve se estender. A previsão é de um 2017 com crescimento tímido de 5% no faturamento, irrisório frente as quedas consecutivas. “Mesmo diante de uma retomada na economia, deve ser um dos últimos a voltar a crescer por causa do elevado nível de capacidade ociosa da indústria em geral, o que tende a adiar novos investimentos”, informa o boletim de indicadores conjunturais.

O déficit comercial da indústria de máquinas e equipamentos foi de US$ 7,6 bilhões em 2016, queda de 29,2% ante o déficit de 2015. Vice-presidente regional da Abimaq em Minas Gerais, Marcelo Veneroso reforça que a crise em Minas é pior do que o restante do país. “As perdas estão próximas de irreparáveis. Minas sofreu mais pelo perfil das indústrias – óleo e gás, siderurgia e mineração”, diz.

As quedas no balanço do setor no país foram puxadas, principalmente, pelas indústrias de máquinas para petróleo e energia renovável (-51,1%), indústria de transformação (-5,6%), agricultura (-5,4%), além do setor de infraestrutura e indústria de base (-4,8%). A exportação somou US$ 7,8 bilhões no ano passado, uma retração de 2,9% em relação a 2015. Já as importações chegaram a US$ 15,4 bilhões em 2016, 18% a menos do que no ano anterior.

“Quanto mais o dólar ficar mais previsível, mais competitivo, se houver queda nos juros e mais concessões é tudo que precisamos para retomar os investimentos no país”, afirma o presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan. “O maior risco desse país hoje é o risco político, com a ameaça de cassação da chapa de Dilma e Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral. Em segundo lugar, vem a taxa de juros”, critica.

Com assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo Michel Temer (PMDB), a entidade tenta pôr em pauta as demandas para tirar o setor da crise. “O PPI (Programa de Parceria de Investimentos) não saiu do papel e pode vir a gerar demanda para a indústria de máquinas”, afirma. Ele destaca, entretanto, que ainda que o PPI deslanche, ele só vai gerar impacto sobre o setor depois, por causa de todos os trâmites antes do início das obras. “O PPI só vira máquina no futuro”, diz.

Veneroso cobra efetividade de uma política de valorização do conteúdo local para alavancar a economia, com ênfase no setor de petróleo. A defesa é pelo cumprimento de cota para companhias petroleiras contratarem equipamentos e serviços de empresas brasileiras. “É uma forma de os recursos ficarem no próprio país. Queremos criar um ambiente de isonomia (entre empresas brasileiras e estrangeiras) que não existe”, diz.

Os Estados Unidos continuam como os maiores parceiros comerciais do país, com participação de 18,3% no total importado. Também estão entre os principais destinos das exportações, atrás da América Latina, Europa e Estados Unidos. A avaliação é de que a política protecionista do presidente norte-americano Donald Trump não deve afetar o país, por enquanto. “O Brasil não está no foco e radar de Trump, pois eles ainda são superavitários aqui”, avalia Marchesan.

O desemprego no setor também cresceu em relação ao ano passado. O número de funcionários na indústria de máquinas e equipamentos encerrou 2016 com 290,6 mil, recuo de 6,5% em relação ao ano anterior. O montante significa 20,3 mil empregados a menos. Desde 2013, quando o faturamento do seguimento começou a cair, 81,4 mil postos de trabalhos já foram fechados.

(Fonte: Estado de Minas – 27/01)

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