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Setor investe na prevenção de incêndios nos canaviais

19 de Junho de 2018

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Com praticamente 100% da cana colhida crua, o fogo nos canaviais da região Centro-Sul do Brasil virou sinônimo de problema. Nessa época de baixa precipitação de chuvas, a incidência de incêndios é intensa e um fator adicional que tem tornado a situação ainda mais dramática para os produtores é o aumento da ocorrência de incêndios acidentais e criminosos nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar.

Embora a magnitude destes prejuízos varie entre as usinas, eles se materializam de maneira diferente em três situações principais. A primeira refere-se às ocorrências em que o incêndio atinge áreas já colhidas, quando a cana-de-açúcar está rebrotando para dar início a um novo ciclo de crescimento vegetativo. Nessas circunstâncias, observa-se um atraso significativo no desenvolvimento da planta, com perda de produtividade na safra seguinte.

Outro prejuízo refere-se ao contingente de matéria-prima queimada antes do período ideal de colheita. Nos casos mais sensíveis em que o fogo atinge talhões com planta abaixo do tamanho ideal de corte, é necessário roçar a área, com perda completa do ciclo agrícola. Portanto, além do custo incorrido pela usina nessa operação, perde-se quase R$ 12 mil por hectare de receita que seria gerada a partir do processamento da cana cultivada nessas áreas.

Por fim, mesmo nos canaviais alvos de incêndio acidental ou criminoso, e para os quais a colheita tenha sido autorizada, há sensível prejuízo à usina devido à diminuição da produtividade e da qualidade de matéria-prima, já que nessas condições a cana-de-açúcar precisa ser processada antes da sua plena maturação e desenvolvimento. Estima-se que a perda média nessa condição alcance expressivos R$ 1,7 mil por hectare no Estado de São Paulo (mais de 15% do faturamento obtido na área).

Muitas vezes os incêndios são atribuídos erroneamente aos produtores de cana-de-açúcar, devido ao processo de queima da palha. Mas vale lembrar que a prática está quase extinta na região Centro-Sul e que os prejuízos econômicos e ambientais associados à presença de fogo acidental ou criminoso no Estado de São Paulo só não maiores devido a Operação Corta Fogo realizada em todo o território paulista.

Trata-se de um projeto envolvendo a Secretaria do Meio Ambiente, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar Ambiental, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, a CETESB, o Instituto Florestal e a Fundação Florestal, além das brigadas municipais e da iniciativa privada para ações integradas de prevenção, monitoramento e combate ao fogo sem controle.

Praticamente todas as usinas em operação no Estado de São Paulo participam dessa iniciativa, com a manutenção de equipe treinada e equipamentos disponíveis para auxiliar a contenção das queimas acidentais ou criminosas.

O investimento realizado pelo setor produtivo nesse tipo de estrutura é também significativo. A quantidade de funcionários alocados pelas unidades produtoras paulistas em suas brigadas de incêndio totaliza, em média, 70 por usina.

No caso dos caminhões tanque equipados com canhão d’água para combate a incêndios, cada unidade produtora possui em média 13 desses caminhões. Extrapolando essa quantidade para todas as indústrias e grandes fornecedores de cana do Estado de São Paulo, é possível concluir que a frota de caminhões tanque mantidos pelo setor produtivo da cana-de-açúcar alcança mais de 2 300 unidades.

O setor tem intensificado as ações de controle, gestão e prevenção de incêndios em propriedades agrícolas. A partir de um rigoroso mapeamento, que classifica as áreas de plantio em uma escala de riscos de incêndio, as empresas avaliam de que forma implementar estrategicamente as ações preventivas.

Entre os critérios de avaliação são considerados aspectos como a proximidade a fontes de água, se há ponto de observação, tempo necessário para chegada das brigada de incêndio, existência de rodovias ao redor e proximidade de áreas verdes. Campanhas educativas estão sendo desenvolvidas e já há unidade que emprega sistema de satélites no combate aos incêndios no campo.

População pode colaborar

A população também pode fazer sua parte e colaborar para que incêndios e grandes acidentes sejam evitados nos canaviais e nas outras áreas de vegetação do Estado. Confira alguns procedimentos e dicas valiosas que podem impedir a ocorrência de incêndios:

- Não queime lixo nas proximidades dos canaviais;

- Não jogue tocos de cigarro nem fósforos às margens de rodovias;

- Evite acender fogueiras;

- Não solte balões, a queda dos mesmos pode provocar incêndios, queimar florestas, causar acidentes aeronáuticos e outras graves ocorrências. Soltar balão é crime de acordo com a Lei 9.605/98;

- Quando for realizar alguma queima controlada para renovação de pastagem ou para limpeza de alguma área, procure antecipadamente os órgãos ambientais, o Corpo de Bombeiros e as Brigadas Civis;

- Ao perceber um foco de incêndio se alastrando, ligue imediatamente para o Corpo de Bombeiros no telefone 193, Disque Ambiente da SMA: 0800-113560 ou para o Disque Denúncia da Polícia Militar Ambiental: 0800-0555190;

- Muitos incêndios são causados intencionalmente. Fique atento a qualquer atividade suspeita próxima aos canaviais, outras áreas de plantio, áreas de preservação ou florestas e avise as autoridades competentes.

Fonte: CanaOnline – 18/06/2018

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