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Só BB, Caixa e Petrobras devem escapar de privatização, diz Mattar

30 de Janeiro de 2019

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O objetivo do governo Bolsonaro é privatizar a maior parte das estatais e preservar apenas Petrobras, Banco do Brasil e Caixa – e mesmo assim, deixá-las mais “magrinhas”, disse ontem o secretário especial de desestatização e desenvolvimento do Ministério da Economia, Salim Mattar.

Em evento promovido pelo Credit Suisse para investidores, Mattar disse que o objetivo é “vender todas as estatais e não competir com o mercado”. Segundo ele, o governo pode arrecadar entre R$ 700 bilhões e R$ 800 bilhões com privatizações, que seriam usados para abater a dívida pública.

O secretário disse ainda que está nos planos acabar com a BNDESPar, braço de participações do BNDES, vendendo todos os ativos ao longo dos próximos quatro anos. A Petrobras, por sua vez, deve se desfazer de “praticamente todas as suas subsidiárias” até o fim do ano, pelas projeções de Mattar.

No caso do BB, o secretário defendeu a venda da BB DTVM, braço de gestão de recursos, e disse que não há motivos para a instituição ter uma área de banco de investimentos. Mattar ponderou que a decisão final cabe ao presidente da República, mas “ao que consta, ele deseja enxugar os bancos, vender seguradora, corretora”.

Mais tarde, no mesmo evento, o vice-presidente de finanças do BB, Carlos Hamilton Araújo, voltou ao tema. O executivo afirmou que a instituição estuda fazer parcerias estratégicas em algumas áreas, como gestão de recursos e banco de investimentos, e acrescentou à lista a unidade de recuperação de créditos – na qual o BB atua por meio da Ativos, uma subsidiária.

“O banco vai fazer parcerias nos próximos anos com foco em melhoria de eficiência e da lucratividade”, disse Hamilton.

Segundo o vice-presidente do BB, há dois caminhos para isso. Um deles é fazer um IPO (oferta inicial de ações) dessas áreas e, num passo seguinte, estabelecer parcerias estratégicas. O outro é o inverso: fazer parceria e apenas depois o IPO.

A escolha entre um e outro caminho, disse Hamilton, será definida pelo objetivo de gerar mais valor para os acionistas do banco. Porém, em condições similares, a preferência será por um modelo que comece com o IPO e depois evolua para uma parceria estratégica. “A oferta de ações tem o benefício da transparência”, afirmou.

De acordo com Hamilton, melhorar a rentabilidade do banco e entregar 11% de capital principal no início de 2022 ainda são objetivos do Banco do Brasil.

O executivo disse ainda que, neste ano, a instituição financeira vai continuar estreitando a diferença em relação ao retorno sobre o patrimônio líquido apresentado pelos concorrentes privados. No crédito, o banco deve crescer em linha com o mercado em 2019, acrescentou.

Lucro e margem financeira também aumentarão, segundo Hamilton, e a receita com prestação de serviços deve crescer acima da inflação neste ano. Já as despesas administrativas devem aumentar, em termos reais, no mesmo ritmo visto em 2018.

O vice-presidente do BB disse ainda que o banco tem um estoque de R$ 8,1 bilhões em instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD). Caso o governo estabeleça a devolução desses recursos de forma “suavizada” ao longo dos anos, afirmou Hamilton, o banco conseguirá manter suas metas de capital.

Valor Econômico - 30/01/2019

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