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SP terá dispersão industrial e mais cana, diz Seade

04 de Agosto de 2017

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Regiões vizinhas à Grande São Paulo devem ser beneficiadas pela dispersão da atividade industrial nos próximos anos, assim como a tendência é que a cultura da cana de açúcar mantenha a expansão no interior do Estado. Esses dois movimentos vêm ganhando força há pelo uma década e meia e devem constituir as principais mudanças na geografia econômica do Estado no curto e médio prazos.

"A cana-de-açúcar chegou para ficar", diz Vagner Bessa, gerente de indicadores econômicos da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), ligada ao governo estadual. "Também vai haver um contínuo processo de desconcentração de atividade industrial para fora da região metropolitana de São Paulo."

A Seade divulgou ontem um estudo a respeito das mudanças na atividade econômica do Estado entre 2002 e 2014.

Nesse período, a participação da região metropolitana de São Paulo no Produto Interno Bruto (PIB) industrial paulista caiu de 46,7% para 42%. Enquanto isso, houve crescimento do PIB industrial em praticamente todas as divisões de municípios menores, com destaque para aquelas que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes - salto de 32,4% para 37,5%. "Houve uma desconcentração forte da atividade industrial", diz Bessa.

Os municípios mais beneficiados, segundo ele, foram os situados nas regiões de Campinas, Sorocaba, Jundiaí e São José dos Campos. De acordo com ele, uma série de fatores ajudou - e deve continuar ajudando - esses municípios a atraírem fábricas. Entre eles, estão: os gargalos de infraestrutura da capital, que tem menos espaços disponíveis para a instalação de indústrias; a infraestrutura "muito boa" dessas regiões adjacentes à capital; os incentivos oferecidos por algumas prefeituras; e a proximidade da região metropolitana de São Paulo.

Simultaneamente, o setor sucroalcooleiro avançou nas regiões Norte e Noroeste do Estado, próximas a municípios como Presidente Prudente, Araçatuba, Bauru e São José do Rio Preto.

Antigas culturas de soja e algodão, além de pastos para a criação pecuária, foram substituídas pelas plantações de cana-de-açúcar, que acabou se tornando o principal produto da pauta exportadora do Estado. "A agropecuária vem mudando drasticamente seu perfil no Estado de São Paulo. Esse setor era muito mais diversificado do que é agora", diz.

Parte desse movimento, diz Bessa, pode ser creditada a uma política deliberada do governo brasileiro na década passada de incentivar a produção de biocombustíveis derivados da cana.

Recentemente, no entanto, com a alta dos preços no mercado internacional, o açúcar refinado também vem beneficiando a região. Isso levou à substituição de "indústrias mais tradicionais", como a de couro e calçadista. "O complexo sucroalcooleiro chegou para ser a atividade hegemônica nessas regiões", diz.

Pelo menos no ano passado, tamanha dependência foi benéfica para os municípios dominados pelo setor sucroalcooleiro. De acordo com dados da Seade, nas cidades que têm sido beneficiadas pelo êxodo industrial - como Campinas, Sorocaba e São José dos Campos - o PIB caiu em média 3,7% em 2016.

Já o PIB da região em que estão Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Bauru cresceu 1%. "Sob esse ponto de vista, eles já saíram da crise", diz.

(Fonte: Valor Econômico – 03/08/17)

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