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Temas estratégicos para o mercado de açúcar são debatidos em Londres

06 de Dezembro de 2018

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Vilanização do açúcar, subsídios na Índia e salvaguardas na China. Três dos temas mais amargos para a indústria açucareira mundial atualmente, e que vêm prejudicando o comércio global da commodity, foram pauta de diversos encontros empresariais realizados semana passada (26/11 a 30/11), em Londres, no Reino Unido.

O diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, e a assessora sênior da Presidência da entidade para Assuntos Internacionais, Géraldine Kutas, marcaram presença na 27ª Conferência Associação Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês) e em reuniões envolvendo pesquisadores, representantes governamentais e de entidades setoriais de vários países produtores e exportadores do produto.

“Os subsídios indevidos à exportação e o apoio ao preço interno do açúcar além de 10% do valor da produção, prática adotada particularmente na Índia, não estão de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Por isso pedimos que a Aliança Global do Açúcar (GSA, na sigla em inglês) exorte os governos a tomarem medidas formais no âmbito da OMC contra os subsídios ao açúcar indiano” afirma Eduardo Leão de Sousa, diretor Executivo da UNICA.

Na semana passada, a Austrália, apoiada por 13 países, questionou os indianos no Comitê de Agricultura da OMC. Antes disso, em outubro, o Brasil pediu consultas à China na OMC sobre a salvaguarda chinesa para importação de açúcar, uma barreira tributária que há mais de um ano já reduziu as exportações brasileiras em aproximadamente 87%, saindo de 2,4 milhões de toneladas em 2016 para somente 300 mil toneladas em 2017.

Vilanização

Outro ponto bastante discutido pelos debatedores na 27ª edição do ISO foram as sucessivas campanhas de difamação global da imagem do produto, sob o argumento que ele é o “gatilho” para doenças como obesidade, hipertensão e diabetes. Para combater esta desinformação no Brasil, Eduardo Leão citou o lançamento, em 2015, da Campanha Doce Equilíbrio.

Com um comitê interdisciplinar formado por profissionais renomados da área médica, a Doce Equilíbrio buscou, por meio de um intenso trabalho de comunicação via imprensa e redes sociais, equalizar o debate sobre o açúcar como um ingrediente que pode fazer parte de uma dieta equilibrada.

Outra ação importante em andamento destacada por Eduardo Leão é a participação do setor sucroenergético, por meio da UNICA, na Rede de Rotulagem, um grupo técnico que vem discutindo modelos de rótulo que ofereçam mais autonomia aos consumidores na hora de optar por um produto.

“Uma vida saudável envolve um conjunto de fatores como alimentação, prática de exercícios físicos e estilo de vida. O açúcar não pode ser responsabilizado unicamente pelo aumento da obesidade no mundo, pelo contrário. Ele é uma fonte barata de energia para a população e está profundamente enraizado na cultura gastronômica mundial”, explica o diretor da UNICA.

Bonsucro

Ainda em Londres, o Conselho da Bonsucro discutiu ações visando a sustentabilidade no cultivo canavieiro, cuja matéria-prima é responsável por quase três quartos da produção mundial de açúcar e um quarto da fabricação global de etanol. A Bonsucro é um fórum internacional de participação multistakeholder que oferece um modelo de certificação exclusivo para a cana-de-açúcar. Os integrantes demonstraram satisfação diante do número crescente de usinas auditadas no Brasil e na Ásia, particularmente.

Géraldine Kutas, assessora Sênior da UNICA e também presidente do Conselho do Bonsucro, destaca alguns números interessantes: “Desde 2011, o Bonsucro já certificou 80 unidades canavieiras ao redor do mundo. Segundo levantamento mais recente, 52 são empresas brasileiras”. Na reunião de Londres também foram discutidos os preparativos da Bonsucro Global Week, evento previsto para março de 2019, na Tailândia.

RenovaBio

Além da importância da cadeia sucroenergética para a segurança alimentar, com o açúcar, outro derivado da planta, o etanol, também foi lembrado como um produto que terá um papel crucial a redução das emissões de gases de efeito estufa na matriz energética mundial. Neste sentido, o deputado Federal Evandro Gussi e o integrante do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), Plínio Nastari, destacaram uma iniciativa em fase de regulamentação no Brasil: a Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio.

No 27º ISO, Gussi falou sobre o processo que levou a aprovação do RenovaBio em apenas 28 dias pelo governo. Enfatizou que a ideia central do programa é a maior eficiência na decarbonização do setor de transporte, reduzindo emissões por meio da utilização de biocombustíveis avançados. Ressaltou, inclusive, que o futuro governo Bolsonaro será parceiro na iniciativa. Já Plinio Nastari falou sobre o futuro do setor de transporte veicular, destacando a evolução da tecnologia flex e as promissoras células a combustível (hidrogênio a partir do etanol).

O manifesto divulgado pela GSA, fórum que congrega entidades de nações responsáveis por mais de 80% das exportações de produtos derivados da cana, pode ser lido aqui.(versão apenas em inglês)

Unica - 04/12/18

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