04 de Janeiro de 2021
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A safra 2020/2021 de etanol deve finalizar com produção de 33,5 bilhões de litros (31 bilhões de etanol de cana e 2,5 bilhões de etanol de milho), mas apontar uma tendência para 2021 é uma incógnita para os especialistas.
“Há uma recuperação no consumo interno de etanol, mas também inúmeros fatores que vão influenciar a recuperação da demanda: vacina para o coronavírus, preço internacional do petróleo e vendas de automóveis novos”, resumiu o diretor da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio Rodrigues de Pádua. “A volta da mobilidade urbana depende de tudo isso.”
Para entender o que colocou o setor nesse círculo de incertezas, é preciso voltar ao início do ano, quando boas notícias pipocavam: em 2019, e etanol substituiu 48% da gasolina, o RenovaBio completava um ano de vigência e se abria no mercado a possibilidade de comercializar créditos de descarbonização (CBios).
“O setor estava otimista e ampliando a oferta de produtos até que o cenário começou a mudar com a queda no preço do petróleo no mercado internacional”, destacou. Em fevereiro, o embate entre a Rússia e a Arábia Saudita fez com que os preços do petróleo se descolassem dos fundamentos de mercado, criando uma “tempestade”.
Pádua observa que houve um recuo de mais de 50% na cotação internacional do petróleo, redução no preço da gasolina e queda de 40% no preço do etanol, para patamares abaixo do custo de produção. Em função da pandema, o setor iniciou a safra 2020/2021 sempreço nem demanda.
“A queda foi de 38% nas vendas de etanol hidratado e 19% nas vendas de anidro. As usinas migraram para a produção de açúcar, mas as destilarias, que são um terço das empresas do setor, não conseguiram reverter.”
Segundo Pádua, nos meses seguintes os efeitos negativos foram amenizados com a valorização do dólar frente ao real e repasses, pela Petrobras, das altas na cotação do petróleo no mercado internacional. Mas outro obstáculo, o isolamento social imposto pela pandemia, faria com que a demanda por etanol caísse. “Houve o aumento da demanda por álcool para outros fins e etanol hidratado para a produção de sanitizantes”, destacou.
“A expectativa é que os preços do etanol continuem subindo, apesar de a gasolina permanecer estável, com o petróleo andando de lado”, apontou Fábio Meneghin, da Agroconsult.
Segundo o analista, os motivos para o otimismo vêm da recuperação da demanda mês a mês e a aproximação do fim da safra. “A projeção é que o etanol perca um pouco de participação de mercado, embora continue competitivo em relação à gasolina, principalmente em Minas Gerais e São Paulo”, afirmou. “Daqui em diante, a entressafra tornará a oferta cada vez mais escassa e reduzirá a competitividade”.
Para a safra 2021/2022, a expectativa é que o etanol volte a ganhar mais participação no mix de produção, graças ao aumento da demanda, apesar do açúcar indicar maior rentabilidade. “Projeta-se um aumento de 10% no consumo total de etanol.
Com o ATR um pouco abaixo em relação à atual safra, a oferta de etanol de cana deve crescer 2,6%, para 31 bilhões de litros, e o de milho, 23%.” Ao todo, a produção estimada para o ano que vem é de 34,3 bilhões de litros e consumo de 34,8 bilhões de litros.
“Os preços tendem a ser mais firmes em 2021”, apontou Meneghin, lembrando que, em 2021, o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) sobre o etanol hidratado em São Paulo subirá de 12% para 13,5%.
Fonte: Globo Rural – 01/01
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