16 de Novembro de 2020
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A Tereos Açúcar e Energia Brasil, braço da cooperativa francesa Tereos, encerrou na quinta-feira (13) as operações da safra 2020/21 em suas sete usinas sucroalcooleiras no país com volume recorde de moagem de cana e de produção de açúcar, resultado de investimentos em produtividade agrícola e industrial.
A companhia processou 20,9 milhões de toneladas de cana, crescimento de 10% ante a safra passada. Em comparação, a moagem das usinas de cana do Centro-Sul até o fim de outubro cresceu em proporção menor (3,6%).
Do total da cana processada, 63% foi destinada à commodity. Com o maior direcionamento da matéria-prima para a produção de açúcar, que vem oferecendo maior remuneração, a fabricação do adoçante pela Tereos Açúcar e Energia Brasil também foi a maior da série histórica, de 1,9 milhão de toneladas, avanço de 19%. E, mesmo com menor foco, a produção de etanol também cresceu (11%), para 730 milhões de litros.
O aumento do volume de cana processada ainda permitiu maior oferta de bagaço para a cogeração de energia. Até o fim da temporada, a Tereos deverá comercializar 1,15 mil gigawatts-hora (GWh), incremento de 18% ante a safra anterior.
O aumento do processamento de cana — mesmo em um período de clima seco, que afetou a produtividade de concorrentes — foi resultado de investimentos anteriores na ampliação de uso de variedades mais adaptadas ao microclima de suas usinas e dos aportes em automação, afirmou Jacyr Costa Filho, membro do comitê executivo do grupo Tereos, ao Valor.
Após investimentos em conectividade, a companhia possui atualmente uma sala de controle que monitora as atividades de colheita e transporte de cana de todas as usinas, que estão próximas umas das outras. “Isso melhorou muito a performance de entrega de cana”, ressaltou o executivo. Costa Filho ainda destacou investimentos recentes no desempenho das indústrias, que resultou em um índice de eficiência industrial de 92,2%.
Nesta temporada, os investimentos em tecnologia agrícola somaram R$ 50 milhões, enquanto na indústria alcançaram R$ 30 milhões.
A pandemia fez com que as vendas tanto de açúcar como de etanol recuassem no país. Mas, como o câmbio favorável à exportação, a Tereos orientou uma parte maior de suas vendas ao mercado externo e já antecipou a fixação de preços das próximas duas safras (2021/22 e uma parcela menor para a safra 2022/23).
Até o fim desta temporada, em março, as exportações de açúcar do grupo devem ter incremento de 60%, para 1,15 milhão de toneladas. Também devem crescer os embarques de etanol em mais de quatro vezes, para 43 milhões de litros - já foram embarcados 30 milhões de litros.
A aposta no mercado internacional de açúcar foi facilitada pela parceria fechada pela Tereos com a VLI. Embora o investimento de R$ 145 milhões na parceira ainda não tenha tido retorno completo, Costa Filho disse que o escoamento do açúcar por ferrovia já trouxe competitividade ao produto da companhia. “Foi uma boa escolha, já ficamos muito satisfeitos”, disse o executivo.
Ele ressaltou que o caminho pelos trilhos foi particularmente interessante neste ano dada a segurança garantida pelo modal em meio às inseguranças decorrentes da pandemia e por causa da elevada safra de grãos, que pressionou o escoamento rodoviário.
Para amenizar o impacto da elevação do dólar nos custos, a Tereos aposta hoje em um “pool” de compra de insumos formado com Cofco e com BP Bunge Bioenergia, que consegue obter preços melhores com o ganho de escala nas compras.
Além disso, a adoção de tecnologias de agricultura de precisão, iniciada em 2016, já vêm reduzindo gastos com insumos sem perder produtividade, disse Costa Filho. Ele reconhece que o potencial de diminuição de custos com o uso de tecnologias acaba diminuindo com o tempo, mas disse que “continua perseguindo” o objetivo.
Na próxima safra, a companhia deve iniciar as operações em seu novo projeto de produção de biogás a partir de vinhaça, que está em construção na Usina Cruz Alta, em Olímpia (SP), em parceria com a Zeg Biogás e a Zeg Renováveis.
O valor do aporte não foi revelado, mas, se os testes na unidade forem bem sucedidos, o projeto poderá ser replicado nas outras usinas da companhia, afirmou Costa Filho. Em outubro, o Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu aval para o acordo entre Tereos e Zeg.
Fonte: Valor Econômico – 13/11
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