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Toyota prepara o híbrido flex brasileiro

23 de Janeiro de 2018

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Segundo confirmam alguns executivos da Toyota, a empresa ainda quer fabricar no Brasil um modelo híbrido flex, com motores elétrico e a combustão bicombustível gasolina-etanol. Protótipos do Prius com essa configuração já estão em testes há cerca de três meses; em novembro a fabricante já havia informado que cedeu os carros para desenvolvimento a duas universidades, USP e UNB.

“Será o híbrido mais limpo do mundo (levando-se em conta que o etanol apresenta queima mais perfeita e o CO2 emitido é reabsorvido pela própria plantação de cana)”, destaca Steve St. Angelo, CEO da Toyota América Latina. “Entre março e abril deveremos ter novidades a anunciar sobre isso”, revelou ele em entrevista a jornalistas da região durante o Salão de Detroit.

Os testes estão sendo feitos com modelos da quarta geração do Prius lançado no Brasil há pouco mais de um ano só com motor a gasolina (hoje vendido a R$ 126,6 mil), mas parece difícil ser ele o híbrido flex que a Toyota pode fazer no Brasil. Ganharam força especulações sobre uma nova opção porque esta semana a fabricante solicitou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o registro dos desenhos industriais do Prius C, a versão mais curta do modelo, um hatch, que pode ser montado obre a mesma plataforma do Yaris, a ser produzido em Sorocaba (SP) a partir do segundo semestre deste ano.

A Toyota poderia, também, continuar a importar o Prius do Japão configurado lá com motor flex a etanol, como já acontece com alguns carros importados no mercado brasileiro, mas os volumes de venda do híbrido japonês no Brasil ainda são baixos (menos de 2,5 mil unidades no ano passado, apesar do significativo aumento de 400% sobre 2016) e podem não compensar desenvolver essa configuração fora do País.

Por isso a companhia vive um dilema: em seu plano mundial de eletrificação a Toyota já fez a promessa de até 2025 oferecer opções híbridas ou elétricas para toda sua linha de produtos, enquanto aqui o governo ainda discute que rumo tomar sobre essa tendência tecnológica global.

“Os híbridos não precisam de infraestrutura de recarga de baterias e são a melhor solução para cidades congestionadas, são silenciosos e limpos, muito econômicos e não sobrecarregam o sistema elétrico. Por isso no momento essa é a melhor opção de eletrificação para o Brasil. A tecnologia está pronta para uso por preço cada vez mais acessível. Melhor ainda se for um híbrido a etanol”, defende St. Angelo.

No ano passado a Toyota estudou a possibilidade de trazer mais um híbrido para o mercado brasileiro, o SUV C-HR lançado em 2016 na Europa e atualmente fabricado na Turquia e Japão, de onde também segue para Estados Unidos e Canadá. Com isso, teria em mãos o atrativo de vender um utilitário esportivo híbrido no segmento que mais cresce no Brasil. “Ainda estudamos a possibilidade, mas pelo valor e pelo tempo gasto decidimos que ainda não é hora de trazer o modelo”, admitiu St. Angelo.

Dificuldades

A dificuldade é que as vendas do CH-R, metade delas da versão híbrida, vão muito bem nos países europeus e está difícil sobrar algumas poucas unidades para trazer com o desconto que seria necessário para vender o carro aqui com alguma competitividade. St. Angelo conta que o Prius chega ao Brasil com preço FOB (sem tributos) mais baixo do que o exportado pelo Japão aos Estados Unidos, “mas depois de todos os impostos fica muito mais caro ao cliente brasileiro”, lamenta. No mercado norte-americano o Prius custa entre US$ 23,5 mil e US$ 32 mil, contra US$ 38,4 mil pagos aqui, considerando-se o dólar a R$ 3,30.

Também é difícil, no momento, fazer o CH-R nas fábricas brasileiras da Toyota, porque isso envolveria muitos investimentos em ferramental: o SUV, assim como o Prius, é feito sobre a nova plataforma global do grupo TNGA, a mesma que será aplicada para o novo Corolla, a ser lançado só em 2019. Por isso a fabricante busca outras alternativas para o híbrido brasileiro, que segundo especulam alguns veículos da imprensa especializada brasileira, poderia estrear por aqui no ano que vem.

Desde 2012 a Toyota colocou em pauta a possibilidade de produzir o Prius no Brasil, mas a demora do governo em criar ambiente tributário mais propício a veículos híbridos e elétricos no País acabou por retardar os planos. Em 2014 foi reduzido a 4% (contra 35% antes) o imposto de importação de híbridos, mas o IPI segue mais alto do que os carros com motor a combustão. Ainda assim, os executivos da Toyota avaliam que o País não poderá manter essa situação para sempre e querem estar preparados para quando o cenário melhorar.

Fonte: Automotive Business – 22/01/2018

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