23 de Dezembro de 2020
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A União Europeia autorizou nesta segunda-feira (21) a fusão das montadoras francesa PSA (Peugeot- Citroën) e da ítalo-americana FCA (Fiat Chrysler), o que resultará na quarta maior “holding” automobilística do mundo.
A autorização foi dada sob a condição de que os grupos respeitem completamente os compromissos assumidos para preservar a concorrência no setor de veículos utilitários pequenos.
As montadoras se comprometeram a prorrogar o acordo de cooperação entre PSA e Toyota para veículos comerciais leves e a facilitar o acesso das concorrentes às redes de reparos e manutenção da PSA e da FCA para este tipo de carro, segundo comunicado da Comissão Europeia.
O volume de veículos fabricados para a Toyota aumentará e o preço será reduzido ao grupo japonês. O mesmo acontecerá com peças e acessórios.
Com a fusão, anunciada no fim de 2019 e avaliada em US$ 38 bilhões (R$ 193,7 bilhões), as duas empresas formarão o quarto maior grupo automobilístico mundial em volume e o terceiro em faturamento, com marcas emblemáticas como Peugeot, Citroën, Opel, Jeep, Alfa Romeo e Maserati.
As montadoras pretendem concluir o projeto de fusão no primeiro trimestre de 2021. O novo grupo, com o nome Stellantis, terá mais de 400 mil funcionários e um faturamento de 167 bilhões de euros (R$ 1 trilhão), com base nos números de 2019, superado apenas pela Toyota e pela alemã Volkswagen.
“Estamos em condições de autorizar a fusão entre Fiat Chrysler e Peugeot SA, pois seus compromissos facilitarão a entrada e expansão no mercado das caminhonetes comerciais leves. Nos outros mercados em que as duas fabricantes exercem suas atividades, a concorrência continuará a ser apoiada após a fusão”, afirmou Margrethe Vestager, vice-presidente da comissão euopeia responsável pela concorrência.
O processo de fusão passou por uma investigação antitruste antes da aprovação. Depois de ouvir opiniões de concorrentes e clientes, a Comissão estimou que a operação poderia afetar a concorrência no mercado dos pequenos utilitários em nove países europeus (incluindo França, Itália, Polônia, Bélgica e Portugal), devido às cotas elevadas de vendas acumuladas pelos dois sócios.
Sem modificações, o projeto, notificado inicialmente em 8 de maio de 2020 à autoridade da concorrência, “provavelmente teria provocado um aumento dos preços aos clientes”, afirma o Executivo europeu.
Bruxelas considera, porém, que os compromissos propostos pelos dois grupos no fim de setembro afastam as dúvidas. “A operação, modificada, não implicaria um problema de concorrência”, disse a Comissão.
Campeã dos veículos utilitários, a PSA dominou em 2019 mais de 25% do mercado, muito lucrativo no continente europeu. O grupo Fiat soma, por sua vez, 9%. Portanto, a nova empresa acumularia mais de 34% do mercado, o dobro do número 2, Renault, com 16,4%.
A fusão ainda deve ser formalmente aprovado em uma reunião geral extraordinária dos acionistas, no dia 4 de janeiro de 2021.
A nova empresa tem um portfólio pautado em carros compactos urbanos, utilitários esportivos e veículos leves de carga.
A fusão ainda cria a empresa mais diversificada da indústria automotiva. As marcas envolvidas somam cinco nacionalidades diferentes: Alemanha, Estados Unidos, França, Inglaterra e Itália.
As empresas calculam que que a união permitirá economizar quase 5 bilhões de euros (R$ 31,4 bilhões) por ano. A nova empresa terá sede na Holanda, mas a cotação continuará nas Bolsas de Paris, Milão e Nova York.
John Elkann, atual presidente da FCA e herdeiro da família fundadora, os Agnelli, lideraria o novo Conselho de Administração, enquanto Carlos Tavares, presidente da direção da PSA, seria o diretor-geral do novo grupo.
A FCA tem feito nos últimos anos grandes investimentos globais, mas sua força está na marca Jeep. E esse é um problema enfrentado pelas empresas envolvidas na fusão: a falta de representatividade global.
As francesas da PSA estão fora do mercado americano e a Fiat só é de fato forte na América Latina e na Itália. A Opel, que pertencia à General Motors e hoje é o braço alemão do grupo PSA, só tem representatividade na Europa.
A marca mais reconhecida é a Jeep, que se beneficiou do crescimento mundial nas vendas de utilitários esportivos.
Com a fusão, há uma nova chance de se expandir e acompanhar as líderes. Carros Toyota, Volkswagen e Nissan estão presentes em todos os grandes mercados.
Montar veículos em parceria não é novidade para FCA e PSA. A produção em conjunto ocorre na Itália desde a década de 1980. São modelos voltados para uso profissional, a exemplo das vans Fiat Ducato, Citroën Jumper e Peugeot Boxer. São quase Idênticas: há apenas diferenças de acabamento e de logomarcas.
Fonte: Folha de S.Paulo – 22/12
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