03 de Junho de 2020
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A União Europeia deve voltar a depender de importações de açúcar, segundo a Tereos, maior produtora da commodity na França. O corte da produção na região, fechamento de unidades e reestruturação das operações são os principais motivos para a mudança.
É improvável que o bloco exporte quantidades significativas de açúcar no curto prazo e deve se tornar importador líquido novamente na maioria dos anos, disse o CEO da Tereos, Alexis Duval, em entrevista. Empresas da UE têm fechado unidades, reduzido a produção e o processo de reestruturação do setor ainda não acabou, disse.
Produtores de açúcar da UE já perdiam dinheiro desde o final das cotas, que limitavam a produção, o que provocou um salto da oferta. Esse fator, combinado com as maiores safras da Ásia, levou o mercado global a grandes superávits e queda dos preços. Mas a maré começa a mudar: a Tereos registrou lucro no ano encerrado em 31 de março.
"Estamos indo em direção a um mercado mais equilibrado, não precisamos exportar, portanto, não esperamos volumes significativos saindo da Europa no curto prazo", afirmou Duval por telefone de Paris. "Acho que veremos uma queda da produção a um ponto em que a Europa será quase um importador líquido de açúcar em quase todos os anos."
O retorno à dependência de importação ou a mercados mais equilibrados deve ajudar a sustentar os preços na UE, afirmou. No passado, uma pequena quantidade de vendas ao exterior pressionava significativamente os preços no mercado doméstico. A área plantada de beterraba-açucareira europeia caiu 3% neste ano e isso pode ajudar a compensar a baixa do consumo da mesma magnitude devido ao coronavírus.
A Tereos registrou lucro líquido de 24 milhões de euros (US$ 27 milhões) no ano fiscal de 2019-20, revertendo o prejuízo de 260 milhões de euros do ano anterior, informou a empresa em comunicado. A saída da joint venture de etanol e amido com a italiana ETEA também reduziu a dívida em 215 milhões de euros.
A produção de açúcar nas sete usinas da empresa no Brasil deve aumentar 20%, pois mais cana será usada para a produção de etanol, disse Duval. A demanda pelo biocombustível no país caiu de 35% a 40%, devido ao menor tráfego de carros.
Embora os futuros de açúcar negociados em Nova York mostrem queda de 16% desde janeiro, a Tereos fez hedge de 80% das vendas para a temporada 2020-21, antes da crise do coronavírus, informou a empresa. Os preços médios de hedge ficaram em 13,8 centavos de dólar por libra-peso, em comparação com 11,22 centavos de dólar por libra-peso do fechamento da terça-feira.
Fonte: Bloomberg - 03/06
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