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Uma alternativa para a vinhaça

09 de Junho de 2017

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O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, mas um dos desafios que envolvem os agentes deste setor, que busca elevar seu patamar de sustentabilidade, refere-se à destinação da vinhaça.

“Na produção de etanol realizada no Brasil é gerado grande volume de vinhaça, cerca de 10 a 13 litros desse resíduo por litro de etanol produzido. Isso significa uma produção anual de cerca de 300 bilhões de litros desse material residual”, lembra o engenheiro ambiental Rubens Perez Calegari.

Calegari desenvolveu um estudo no programa de Pós-graduação em Microbiologia Agrícola, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ESALQ) que aponta uma alternativa para a vinhaça. Orientado pelo professor Antonio Sampaio Baptista, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, o pesquisador avaliou a produção de biogás a partir da vinhaça concentrada.

Segundo o professor Baptista, as indústrias têm interesse nessa proposta. “Porque quanto melhor pudermos aproveitar esse resíduo, menor poderá ficar o custo de produção”. Além disso, complementa o docente, o mercado de energia elétrica tem se apresentado com uma boa oportunidade para o setor sucroenergético. “Por esses motivos, o objetivo deste projeto foi a produção de gás metano a partir do uso de vinhaça concentrada”.

Para o desenvolvimento do trabalho, a vinhaça concentrada foi obtida em uma usina no Estado de São Paulo que utiliza concentrador de vinhaça de múltiplos efeitos. Os reatores para a produção de metnao foram operados à 38º C, com tempo de detenção hidráulica de 24 horas, durante 103 dias.

A alta eficiência de remoção de matéria orgânica e produção de biogás no reator alimentado com alta concentração de DQO (até 44 g L-¹) foi obtida a partir da adaptação gradual do consórcio microbiano.

Em suma, o processamento da vinhaça no reator gera biogás, que pode ser aproveitado na forma de energia elétrica ou térmica, além de manter a carga de nutrientes da matéria original, excedente este que pode retornar ao campo.

De acordo com o autor do trabalho, poucas unidades de produção sucroenergética investem na produção de biogás a partir da vinhaça. “Nenhuma delas a partir da vinhaça concentrada. Esse trabalho pode mostrar aos investidores do setor que o biogás tem potencial para gerar retorno financeiro, além da geração de energia”, afirmou Calegari.

 (Fonte: Esalq – 08/06/17)

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