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Usinas pedem socorro para a Aneel

03 de Abril de 2020

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Surpreendidas nos últimos dias com pedidos das distribuidoras de energia elétrica para rever contratos de longo prazo, as usinas sucroalcooleiras vão pedir do governo um apoio para que suas clientes mantenham os pagamentos previstos nas contratações em leilão.

A Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) deve entregar uma carta ao Ministério de Minas e Energia (MME) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), junto com outras entidades, para pedir apoio às distribuidoras, evitando o rompimento dos contratos.

“Queremos que o governo não deixe que o problema das distribuidoras avancem em outros players, sob pena de criar um segundo GSF [risco hidrológico]”, alertou Newton Duarte, presidente da Cogen, ao Valor. Atualmente, há R$ 8 bilhões não pagos às geradoras em geral pela diferença entre o volume de energia previsto para ser produzido e o fornecido (GSF).

A solução para as distribuidoras pode ser via crédito barato, defendeu. “Se houver por parte do governo um empréstimo-ponte, mantendo contratos, é uma forma de não criar problemas a mais”, cogitou Duarte, que também citou a linha anunciada pelo BNDES para apoiar o capital de giro das pequenas e médias empresas, com juros de 3,75%.

Embora a cogeração de energia nas usinas a partir da queima do bagaço da cana represente uma parcela pequena das receitas do setor, o negócio oferece alta rentabilidade. Segundo Duarte, a venda de energia representa 10% do faturamento em uma safra, mas 30% a 40% da rentabilidade da usina.

Além disso, a redução do uso das caldeiras pode gerar dificuldades, embora não ameace a moagem de cana, nem a produção de açúcar e etanol. Segundo Duarte, operar as turbinas com uma potência menor pode acarretar em perda de eficiência. “A usina vai gastar mais bagaço para produzir menos energia para atender uma situação anormal. Em algumas máquinas, isso é sério. Às vezes gera atrito e [a turbina] não consegue trabalhar em faixa muito aquém”.

Segundo Duarte, a alternativa de vender energia no mercado livre não é viável, já que as usinas que não têm liminares para garantir os valores referentes ao GSF não recebem pelo valor liquidado na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). “A usina poderia receber via PLD [Preço de Liquidação das Diferenças], ainda que nos preços baixos. Mas nem isso elas conseguem”, lamentou.

Ele acrescentou que a receita com energia vendida em leilão “está apoiando os investimentos e os projetos dos últimos anos”.

 

Fonte:Valor Econômico - 03/04

 

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