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Variações diárias nos preços da gasolina inquietam mercado de etanol

13 de Julho de 2017

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Os produtores e as distribuidoras de etanol ainda estão se adaptando à decisão da Petrobras de revisar os valores da gasolina vendida nas refinarias diariamente após oito meses de reajustes mensais nos preços, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Argus.

"Esta nova política de precificação faz você quase sentir saudade do tempo em que a Petrobras fixava os preços nas refinarias a um valor estável por meses," disse um produtor de Ribeirão Preto à Argus, referindo-se à política de preços fixos adotada pela companhia antes das mudanças realizadas pelo atual presidente Pedro Parente em outubro de 2016.

"Ninguém compreende realmente os fundamentos por trás das alterações de preços, então isso adiciona uma camada de incerteza que pode ser angustiante," disse outro produtor de etanol à Argus.

As mudanças mais recentes na política de precificação da Petrobras foram efetivadas no dia 3 de julho, mas não conseguiram influenciar as negociações de etanol hidratado no mercado spot.

As revisões são feitas pela área de Marketing e Comercialização da estatal, que pode reajustar os valores das refinarias a qualquer momento respeitando o limite de 7pc acumulado para mais ou para menos, além de uma margem estabelecida pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp).

Somente no mês de julho, os preços da gasolina já foram reajustados seis vezes nas refinarias com uma queda de 5,9pc no dia 1º, seguida pelo aumento de 1,8pc no dia 4 e por uma série de quatro quedas consecutivas nos dias 7 (0,5pc), 8 (0,7pc), 11 (2pc) e 12 (0,6pc) de julho.

Considerando os valores consolidados no dia 12 de julho, as sucessivas mudanças acumularam uma redução de 17,6pc frente aos preços registrados em 17 de outubro de 2016, quando a companhia implementou sua nova política de reajustes.

O consenso entre os produtores de etanol é de que outros fundamentos de mercado - como oferta e demanda, valores de etanol e gasolina vendidos a varejo e os preços internacionais de açúcar - continuam sendo as principais variáveis por trás dos movimentos de preço do biocombustível.

"A princípio, há sempre uma demora até que as alterações dos valores nas refinarias sejam sentidas nos postos de abastecimento", disse um trader paulista à Argus. "Então as distribuidoras nem sempre refletem estas mudanças de preços nas bombas, especialmente quando são muito pequenas".

A paridade entre os combustíveis foi reduzida após as recentes alterações, passando de 68pc entre 25 de junho e 1º de julho para 67pc entre 2-8 de julho em São Paulo. Em Minas Gerais, a relação manteve-se em 70pc nas duas semanas, enquanto em Goiás passou de 71pc para 70pc no período e, em Mato Grosso, de 62pc para 61pc.

Os dados foram extraídos dos últimos relatórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) junto aos postos de abastecimento.

As distribuidoras entrevistadas pela Argus concordaram que as alterações diárias de valores anunciadas pela Petrobras significaram pouco quando tomadas individualmente, mas que as sucessivas quedas de preços pressionarão o biocombustível a longo prazo.

"Estas variações não pesam nas negociações diárias com os produtores de etanol nesse estágio", um analista da cadeia distribuidora disse à Argus. "Elas são limitadas e não necessariamente trazem impacto ao longo da cadeia de suprimentos.

Mas as distribuidoras só podem adiar o repasse das alterações por um tempo limitado, então as mudanças poderão impactar os produtores a longo prazo."

(Fonte: Argus Media – 13/07/17)

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