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Vazamentos de petróleo se multiplicam na Venezuela e preocupam ambientalistas

26 de Novembro de 2018

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Além da escassez de alimentos e da emigração em massa, a crise venezuelana tem provocado reveses também para o meio ambiente: vazamentos de petróleo pela estatal PDVSA se tornaram recorrentes. Embora a companhia tenha deixado de publicar dados sobre os incidentes em 2016 — quando a ocorrência já era quatro vezes superior à de 1999 —, evidências de que o problema se intensificou são abundantes, segundo ambientalistas.

Na faixa petrolífera de Orinoco, que fica sobre a maior reserva da commodity no mundo, a área de proteção ao redor dos tanques transborda com petróleo vazado. Dez meses após um vazamento ter sido identificado na região de Anzoategui, troncos de murici (espécie de árvore) estão até hoje submersos em óleo. No começo do ano, o estouro de um oleoduto contaminou o rio Guarapiche no estado de Monagas, paralisando por mais de um mês uma estação de tratamento de água e levando à suspensão das aulas nas escolas da região.

Situações como essas se tornaram comuns, uma consequência da deterioração da infraestrutura da PDVSA, após anos de negligência e escândalos de corrupção. A produção de petróleo da Venezuela está no menor nível desde os anos 1940.

A precariedade é reflexo da crise econômica. Números preliminares do Banco Central da Venezuela calculam que a economia do país tenha encolhido 16,6% apenas em 2017 — o dobro da queda do PIB brasileiro ao longo da última recessão.

— A PDVSA entrou em colapso em 2016. Há uma grande preocupação sobre qual será o estado da infraestrutura no momento que, enfim, chegar a hora de reativar esse setor — disse o consultor ambiental Juan Carlos Sanchez.

Não há estimativas precisas sobre quanto seria necessário para recuperar a infraestrutura petrolífera venezuelana, mas especialistas concordam que seria muito mais que os US$ 22 bilhões obtidos pelo país em 2017 com a venda de petróleo. Agrava o problema o fato de a maioria das empresas especializadas em retirar óleo vazado de lagoas e rios ter falido por não conseguir receber da PDVSA.

O Globo – 26/11/18

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