26 de Junho de 2018
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A decisão do grupo São Martinho de concentrar grande parte das vendas do etanol produzido ao longo da safra 2017/18 no último trimestre da temporada - período de entressafra no Centro-Sul e um momento em que os motoristas já vinham preferindo abastecer seus carros com o biocombustível - rendeu frutos melhores do que o esperado para a companhia.
A estratégia contribuiu para que o lucro líquido da empresa no trimestre alcançasse R$ 153,3 milhões, conforme balanço divulgado ontem. O resultado superou em 28,4% o lucro do último trimestre da safra anterior, quando o desempenho foi beneficiado pela incorporação da fatia da Petrobras na Usina Boa Vista (GO). Esse evento não recorrente acrescentou cerca de R$ 100 milhões ao lucro daquele período. Desconsiderando fatores sem efeito no caixa, o lucro do trimestre dobrou, para R$ 233,2 milhões.
"O resultado superou o que esperávamos. A aposta no carregamento [de etanol] foi absolutamente acertada", disse Fábio Venturelli, CEO da São Martinho. O lucro do último trimestre representou um terço de todo o lucro líquido da safra, de R$ 491,7 milhões, um recorde nos 80 anos de história da companhia.
No fim do terceiro trimestre, a São Martinho ainda mantinha 35% de seus produtos em estoque, o que a permitiu elevar o volume de vendas de etanol durante a alta dos preços no trimestre seguinte. Da receita obtida no trimestre, de R$ 1,118 bilhão, 57% vieram das vendas de etanol anidro e hidratado. Só o faturamento com a comercialização de hidratado - que compete com a gasolina nas bombas - triplicou, alcançando R$ 318 milhões. A receita total do último trimestre turbinou o faturamento do acumulado da safra, que atingiu R$ 3,6 bilhões.
Os resultados obtidos com o etanol ainda permitiram que a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do trimestre alcançasse 52,4%, alta de 7,5 pontos percentuais. Em geral, a margem Ebitda do último trimestre não ultrapassa os 50%, já que, por ser entressafra, não há operação de cogeração de energia elétrica, negócio que tem margem elevada, disse Felipe Vicchiato, diretor financeiro e de relações com investidores.
O Ebitda do trimestre cresceu 46%, para R$ 585,6 milhões, enquanto no acumulado da safra, aumentou 34,9%, a R$ 1,949 bilhão.
Venturelli destacou o impacto positivo do esforço da São Martinho para enxugar custos, com automação no campo e melhorias na indústria. Segundo ele, a recente alta do dólar não representa um risco porque a companhia é pouco dependente de insumos dolarizados. "No início da safra, já tínhamos antecipado muitas compras", acrescentou Vicchiato.
A geração de caixa ainda permitiu uma redução da alavancagem financeira no fim do trimestre, que encerrou com uma relação entre dívida líquida e Ebitda de 1,26 vez, ante 1,55 vez um ano antes. A dívida líquida encerrou o período em R$ 2,462 bilhões, queda de 4,7%.
Fonte: Valor Econômico - 26/06/2018
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