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Zema assume e pede apoio para tirar Estado da ‘falência’

02 de Janeiro de 2019

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Um governo termina de forma melancólica e impopular. O novo começa com a defesa da aplicação de um forte ajuste fiscal e o pedido de apoio para implementar medidas de austeridade. Entre os dois, um rombo nos cofres públicos de Minas Gerais estimado em R$ 30 bilhões. O agora ex-governador Fernando Pimentel (PT) entregou nesta terça-feira (1) o Grande Colar da Inconfidência ao seu sucessor, Romeu Zema (Novo), durante a transmissão de cargo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Não esperou o término da cerimônia e deixou o local no meio do evento sob protestos.

Já como governador, Zema defendeu a necessidade de ampla reforma administrativa e controle de gastos para que os funcionários estaduais voltem a receber em dia e os repasses das prefeituras sejam regularizados. Mas, do lado de fora da Assembleia, um pequeno grupo de servidores protestava contra a possibilidade de terceirizações, dando uma amostra, já no primeiro dia de Zema no poder, das dificuldades de equacionar cortes e apoio popular.

“A situação do nosso Estado é de falência. A falta de austeridade dos últimos anos levou o governo de Minas a um ponto sem volta. A previsão de déficit nas contas correntes ultrapassa os R$ 30 bilhões em 2019, e, se nada for feito, passará de R$ 100 bilhões nos próximos anos”, disse o novo governador em seu discurso. Foi uma preparação para o pedido de apoio para mudanças que, segundo ele, serão necessárias. “Nesse momento temos, todos nós, a responsabilidade de assumir que serão as ações tomadas no presente que poderão, ou não, garantir o futuro de nossos filhos e de nossos netos. Ou fazemos as mudanças necessárias, ou, muito em breve, a situação será pior, para não dizer impraticável. Por isso, o único caminho que nos resta é o da ação”, analisou.

Mais tarde, na cerimônia de posse na Cidade Administrativa, Zema foi mais didático. “Ou tomamos o remédio amargo, ou a dose desse remédio terá que aumentar com o tempo”, afirmou. O discurso do governador não é uma novidade, é o mesmo que tem adotado desde quando foi eleito.

A chuva impossibilitou que um número maior de apoiadores de Zema estivesse presente do lado de fora da Assembleia. Mas não impediu que alguns servidores da Empresa Pública de Minas Gerais, Participações e Serviços (MGS) levassem suas faixas em protesto. Eles reclamam que os 450 funcionários que atuam na Unidade de Atendimento Integrado (UAI), na praça Sete, serão substituídos por 200 terceirizados como forma de economizar custos. Um sinal de que o ajuste fiscal passará por uma batalha de negociações e não será implementado sem algum desgaste.

Para aprovar as reformas que pretende, Romeu Zema precisará do apoio da Assembleia Legislativa, onde esteve nesta terça-feira sendo empossado. Ao que tudo indica, ele começa bem. O deputado estadual Agostinho Patrus Filho (PV) deverá ser eleito presidente da Casa com ampla maioria ou até por unanimidade. Ele foi um dos poucos políticos tradicionais que estiveram ao lado de Zema na campanha durante o segundo turno e tem o apoio do Novo.

Já Pimentel, saiu de cena em silêncio. Entregou o colar a Zema e ouviu o discurso dele. Depois levantou-se da cadeira, cumprimentou o novo governador e trocou um par de frases com ele antes de sair pelos fundos da Mesa Diretora aos gritos de “Já vai tarde”.

Em suas redes sociais, ele postou um texto de despedida que começa com uma provocação. “Certamente esse não foi o meu caso, porque quase 30 anos de vida pública me protegeram dessa ilusão. Mas quando se deixa o cargo, após quatro anos de trabalho incessante e penoso, inevitavelmente o fazemos com a humildade da experiência e com a consciência das limitações que o exercício democrático do poder impõe a quem desempenha a tarefa com compromisso ético e cidadão”, e terminando com a demarcação de seu posicionamento ideológico. “Encerro mais uma etapa da caminhada que minha geração começou há cinquenta anos, na luta contra a ditadura, pelas liberdades democráticas, pelos direitos civis e pela justiça social”.

O governador Romeu Zema agradeceu as empresas que fizeram a doação de café, pão de queijo e suco para que fossem servidos durante sua posse, na Cidade Administrativa.

O Tempo - 02/01/18

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