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Zilor aposta em ingredientes para atravessar turbulência

03 de Setembro de 2020

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Enquanto as usinas sucroalcooleiras tentaram se segurar como puderam diante do estouro da epidemia logo no primeiro trimestre da safra 2020/21, em geral apostando no açúcar, o grupo Zilor, que faturou R$ 2,2 bilhões no ciclo passado, centrou o foco em seu negócio de ingredientes para alimentação, a Biorigin, para garantir uma temporada menos turbulenta.

A companhia reforçou a presença internacional do negócio, mas a disparada do dólar e sua estratégia de proteger o caixa da Biorigin acabaram limitando os ganhos de abril a junho. No trimestre, a Zilor teve um lucro líquido de R$ 5 milhões, uma redução de 87%.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 9,2%, para R$ 651,3 milhões, e a receita aumentou 15,9%, para R$ 535,6 milhões. A dissonância se explica por perdas com variação cambial e com operações de hedge, que conjuntamente provocaram uma perda contábil (sem efeito no caixa) de R$ 32,4 milhões.

A direção da companhia espera que esse resultado seja revertido nos próximos trimestres, já que as operações de hedge visam proteger os ganhos da Biorigin, que exporta 90% de sua produção e ganharam protagonismo esta safra. “Fazemos o hedge de até 80% dos fluxos a receber”, afirmou Marcos Arruda, diretor financeiro da Zilor. Assim, o hedge deve resultar em ganhos até o fim da safra, disse.

Com três unidades de leveduras e aromas próximas às usinas da Zilor no interior paulista e uma fábrica nos Estados Unidos, a Biorigin pegou carona na recuperação do segmento de ração pós-epidemia de gripe suína africana e em efeitos inesperados da pandemia do coronavírus. “O segmento de pet teve bom crescimento. Com as pessoas em casa, houve uma ‘humanização’ dos pets”, comenta Emerson de Vasconcelos, CEO do negócio.

Também cresceram as vendas de ingredientes para alimentos para o varejo, como sopas e produtos prontos. Esses efeitos compensaram a redução das vendas para as redes de fast food, que fecharam em vários lugares por causa das medidas de isolamento social. “Nos aproximamos do mercado, mudamos o foco do time comercial e técnico para recuperar clientes e expandir para novos”, afirmou Vasconcelos.

O negócio de leveduras foi a principal fonte de receita da Zilor no primeiro trimestre, superando o faturamento com açúcar. A receita da Biorigin cresceu 80%, para R$ 197 milhões, na mesma proporção que o volume. E, como havia estoques de produtos por causa das baixas vendas na época da gripe suína africana no ano passado, a produção não precisou aumentar para atender a maior demanda.

Nas demais áreas, a Zilor segue no rumo de elevar sua moagem de cana nesta safra. Como seus pares, está priorizando o mercado de açúcar, maximizando a produção da commodity e travando os preços não só desta safra como também da próxima. Segundo Fabiano Zillo, CEO da Zilor, os ganhos com açúcar devem compensar a redução das vendas de etanol nesta safra. “O resultado tende a um equilíbrio ante a anterior”, disse. A Zilor também aproveitou o câmbio e preço da commodity no 1º trimestre para fixar 90% do açúcar desta safra e 80% da próxima.

 

Fonte:  Valor Econômico – 03/09

 

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