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Além do custo, mudar a cultura de mobilidade é desafio para descarbonização

21 de Novembro de 2023

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Em evento na sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), ontem, os principais desafios e propostas para a descarbonização do transporte e mobilidade urbana estiveram na mesa de discussões. Além de que o alto custo em mudar a fonte energética, destaque unânime entre os participantes é a mudança da cultura de mobilidade urbana na sociedade brasileira, tida como principal desafio para êxito na descarbonização.

Para Bianca Gonçalves Lara, superintendente de Transporte Intermunicipal e Metropolitano da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), incentivos do poder público são essenciais para fazer com que o custo elevado não seja um dos impeditivos para a eletrificação. O valor do veículo elétrico é 2,5 vezes maior de um veículo convencional.

“Agora vai começar um movimento maior de política pública nesse sentido, sem contar o que estamos vivendo, sentindo na pele os efeitos das mudanças climáticas, então está em pauta mesmo. Se não tiver uma contrapartida do poder público, o custo do veículo vai para a tarifa. Mas está muito no começo para eliminar essa discussão. Creio que vão haver, sim, incentivos no futuro por essa urgência desse cenário que vemos hoje”, disse.

Assim como Bianca Lara, o secretário afirma que a descarbonização da mobilidade exige superar o desafio de ser realizada sem transferir o custo para a tarifa, que seria como praticamente “expulsar” o usuário do transporte coletivo.

 

Mudança cultural

Mas para além do custo, a descarbonização necessita de um passo não menos importante: desincentivar o uso do transporte individual. “O maior desafio é mudar o modelo de desenvolvimento urbano voltado para o automóvel. Se nós não incentivarmos o transporte individual, nós já vamos estar contribuindo para a descarbonização. São várias ações que têm que ser tomadas ao mesmo tempo”, conta Dantas.

A superintendente Bianca Lara aponta a qualidade do serviço como passo importante para incentivar a migração de pessoas dos carros para o transporte coletivo. “Quando falamos em poluição, 60% vem dos automóveis individuais e apenas 27% do transporte coletivo. Não adianta pensar em eletrificação, não só no transporte coletivo, mas nos veículos individuais, e só substituindo veículos. Sem estar tirando veículos das ruas, isso não resolve os demais problemas de mobilidade”, comenta.

Virgínia Campos, presidente da SME, afirma que a descarbonização dependerá do nível de urgência que a sociedade brasileira vai demandar. “A mudança cultural é algo lento. Mesmo que tenhamos soluções, quem vai viabilizar toda essa questão é a sociedade. Quem vai determinar a celeridade ou não dessas mudanças é a participação e o entendimento da sociedade sobre esses problemas e importância dessa questão”, pontua.

 

Interação entre setores

A presidente da SME destacou que os gargalos para desenvolver a economia de baixo carbono são operacionais, não necessariamente na solução em si. “Soluções estabelecidas, viáveis, mas não possíveis de serem operacionalizadas por falta de estrutura. A restrição não está numa não solução, porque a solução já está definida. Mas numa infraestrutura capaz de dar suporte para uma solução já pensada”, pontua.

Para Virgínia Campos, esse tipo de encontro promove a interação entre setores com potencial de conhecimento e investimentos em infraestrutura para a descarbonização. “É uma questão da qual nós da Sociedade Mineira de Engenheiros podemos participar, que é estar definindo essa interação entre governo, mercado e sociedade civil na busca das necessidades de infraestrutura, das prioridades e das tendências que temos que discutir”, finaliza.

Fonte: Diário do Comércio – 21/11/2023

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